quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

DO POR QUE EU CURTO O BÁTIMA


Perdão mais uma vez pela formatação, caros (as) leitores (as), o texto foi originalmente publicado no Faceburguer depois trazido para cá.



Encontraram um estojo do Batman perdido na escola onde trabalho. A “tia” inspetora chegou até a sala dos professores e perguntou:

- Alguém sabe de que aluno é este estojo?
Feliz ao saber que alguém havia encontrado meu estojo, levantei a mão e disse:
-É meu!
Meus colegas riram e alguns alunos depois de ver meu sensacional estojo do homem morcego perguntavam:
-Mas é seu mesmo?
Além do estojo, tenho um bóton com o símbolo deste super-herói na correia da minha guitarra e na verdade, apesar de alguns pensarem que sou um daqueles fãs que têm a primeira revista em quadrinhos num baú lacrado, que tem um pôster enorme no quarto, que acompanha a todos os filmes e tem uma vasta coleção de bonecos, sou, na verdade, um admirador do Sr. Bruce Wayne.
Admiro a humanidade do Cavaleiro das Trevas e acabo de certa forma me identificando com esta humanidade latente por trás do mito.
As inúteis notícias nos sites de fofoca e revistas destinadas a este fim (bizarro) revelam esta busca humana pela fraqueza, pela humanidade, pelo lugar comum a todos os seres humanos de onde saíram estes seres famosos. Parece haver uma constante busca por saber o que torna alguém famoso. Por que o fascínio em ver seu ídolo jantando ou num affair com qualquer outro ser mortal? O que há de tão fascinante em algum ator tomando açaí e passeando na orla de Copacabana? Parece haver na maioria de nós o desejo de ser mais do que a condição humana permite, mas ao mesmo tempo, há também o desejo de encontrar um defeito, a polêmica, a fraqueza, a Kryptonita de quem aparentemente se achegou a um lugar superior nesta existência terrena e por conta do conceito que tem de si ou do conceito que o fizeram acreditar acerca de si, se tornou famoso, rico, tem a família perfeita, não erra, não fica careca e barrigudo, não recebe cartas de cobranças, não tem sua saúde abalada por problemas na família, não peca...
Admiro Batman e seu alter ego por não ser um super-herói que foi geneticamente modificado, não veio de outro planeta, não foi picado por nenhum inseto geneticamente modificado, não é filho de deuses, não invoca ajuda dos mortos, não tem poder sobre nenhum elemento da natureza, voa mas voa como uma galinha! Não tem sequer um “super raio que o parta”... Ele é (como diria Nietzsche) “humano, demasiado humano” (Nietzsche que foi o primeiro a criar o termo “Super Homem” - mas isso aí dá outro texto, outro estudo, outra treta filosófica e não quero parecer pedante nem prolixo apesar de... enfim... é a mania academicista de justificar tudo, caros leitores).
Ao contrário da maioria dos super-heróis, na face do homem morcego não cabe uma piada. É um gentleman casmurro. Introspecto. Bem falante de poucas palavras, preocupado com os desamparados, polido, diplomático. É um herói antes de tudo sobre seus próprios medos e exatamente por isso escolheu a imagem de um morcego - a imagem que tanto o atormentava em sua infância.
Entretanto, só nós e Alfred sabemos quão infeliz é o homem que salva Gotham de suas mazelas: Luta muito bem contra vilões mas é um romântico mal resolvido, possui motos, carros, engenhocas caríssimas e muita grana mas vive só; Combate vilões que afrontam a linha tênue entre ser herói e ser humano; tem máscara, capa, habilidades, não usa arma, resolve tudo na força de seu braço, tem um cinto de super-herói, fama, força, coragem, respeito... mas Batman não poderia sequer entrar na escola do Professor Charles Xavier. Não está entre os mais admirados das crianças, não está entre os que vestem vermelho e azul, não foi convidado para estar entre os vingadores... O homem morcego está o tempo todo batendo com a cara no inegável fato de que é humano! Que tem sono, cansaço... Oh Batman! O que seria de um filme com você tendo que parar aquele carrão para “tirar uma água do joelho!”(?)
Mas ainda assim "humano, demasiado humano" ele segue sendo herói. E Gotham confia e precisa dele.
E pensar que aquele que teve motivos de se sentir completamente superior à condição humana por ser filho de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus (Filipenses 2:6). Quis ser gente assim como gente deve ser.
Descobri que não sou super nada! Posso até ter uma capa, usar todas as máscaras que usei e que vez em quando inda tenho de reserva. A capa do super-cristão, super-pai, super-profissional, super qualquer coisa que eu quiser. Mas o que me dá força e poder, o que me dá resistência e coragem, o que me dá sustento além das forças que se acabam no final do expediente é a graça que foi liberada numa cruz. Não para que eu fosse mais que ninguém. Não para me encher de “autoridade” acima de ninguém por ser “superespritual”. Mas graça de ser gente. Ser humano que erra e acerta; que vence e perde, que olha a queda alheia com os olhos de quem se espatifou no mesmo chão, que tem bom humor e rabugice, que quando perde sabe que isso faz parte dessa vida e que tudo não se resolve no próximo capítulo só porque eu teria o poder de me reconstituir.
Graça que me faz olhar pra minha vida e ao invés de perguntar “o que eu fiz?” me faz perguntar: “O que pode fazer por mim?” – e Ele pode... sempre pode... e não se assusta quando enxerga minha podridão. Ele sabe que por trás das minhas máscaras caídas ao chão, há um espírito pronto a ser tratado todos os dias. Minha capa não O impressiona, meus atos de herói e de bandido também não, pois quem se despojou de toda sua glória e se fez homem sabe que ainda aqui em mim, este espírito habita num corpo humano...demasiado humano. Sem nervos de aço nem sem ossos de adamantium.
Santa humanidade, Batman!



AlexSandroBambiL

Um comentário:

Unknown disse...

O significado de VC ser fã do Batman está no que consigo identificar como humanidade... Essa palavrinha faz toda a diferença!!! Poucos tem, cultuam ou sabem o que é!!! No seu caso e do Batman tem de sobra!!!