terça-feira, 29 de maio de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

Rasa



Tens razão
Ou toda ela te tem
Tens razão em não se importar
Tens razão se não te importas
Tens razão se queres odiar, mas
Se odeias, é porque inda te importas...
Mas e que razão há nisso?

Tens razão
Toda ela
Dos olhos faiscando
As palavras flechando
Meu barulhento mundo mudo
Meu mundo fechado que um dia se abriu

Tens razão
Desta que me ausenta de toda
Desta que aniquila a nossa rasa cumplicidade
Razão nenhuma tivemos, mas toda a tens.

Tens razão de me matar
Cada vez que quis respirar
O mesmo ar de dentro de sua redoma
Tens razão em ser gelo e pedra
Mármore e cacto

Tens razão
Todas quanto quiseres
Todas quanto não tenho
E de que alguma delas me valeriam?

Não há razão
Para tantas setas
Que apontam para lugar nenhum
De razão nada tenho
Nem de são tive

Tens razão em duvidar
E eu sem razão
Nada posso mais
Apenas uns versos rasos sobre rosas
Umas canções sem razão de existir
Umas rimas rasas rasgadas...

Uma sagrada canção
Umas recordações mudas sangradas

Tua voz em tom de toda razão.

AlexSandroBambiL