Não amedronta mais, Morana
Teu hálito já é familiar.
Teu cheiro azulado veio cortar.
Já não faz medo, já não faço drama.
Deixa vir a secura desse inverno escuro,
Enquanto a pele se rasga.
Entrei no tom errado, rima rasa.
Inda falta muito julho!
O ar permanece lâmina,
Quarto imóvel sem lâmpada,
Acabou a luz palaciana,
É só in(f)verno que inflama.
Do alto duma flor de ipê, no frio nasceu,
No cinza da paisagem.
Encanta, tão linda, tão distante, tão de passagem.
Deixou a noite mais fria e morreu.
Fiz nem fogueira, fiz nem calor,
Serve nem pra adorno,
Arranca logo o que resta de flor,
Mata logo, Morana, o que ainda é morno.