quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tem gosto

Tem gosto
De abraço apressado,
De ventania,
De inverno passado,
De alegria.

De cachorro dormindo,
De violão tocando,
De poesia surgindo,
De sabiá cantando.

De mão gelada,
Tem cor de roxo e grená
Pé de Baobá,

De café na madrugada,

Tem gosto de primavera que vem
De amor que não tem
De beijo quente
De notívaga mente.

(AlexSandroBambiL)

Notívaga mente


Nessas madrugadas construíram-se nesta notívaga mente, os traços que são todo um poema. (AlexSandroBambiL)

Por descobrir, por reler, por escrever

É sentir o vento gélido e olhar as nuvens rosadas...
as nostalgias começam a pingar.
Disseram que a saudade adormece,
mas a minha não dorme,
nem quando estou dormindo.
Sinto tudo onde cada fibra de mim gostaria de estar.
Nosso livro é uma vida aberta,
Histórias passadas,
Páginas por descobrir
Páginas para reler,
E outras por escrever.
E o que lês nunca foi dito
E é provável que nunca o será.
Há tanto que ficará por ser dito...
No calor entredente da ausência,
No silêncio que juntam os olhares.
Calado
Dia nublado
Descoberto
O som do relógio
Os códigos na parede.
As palavras chegam sem envelope, e eu as endereço a ti.
Segredos que estas ruas segredam
No rio deixa-me inventar o azul deste mar
Desenhar a luz horizontal do pôr-do-sol
Até brilhar tua estrela azul.

(AlexSandroBambiL)

Quando chega



Quando chega cessa o movimento,
Faz da vida todo um instante
O som fica distante.
Deixa o perfume no vento.

Quando chega minha luz de sol poente,
Me derrete devagar,
O sentido é dormente,
Me rouba o ar.

Os segundos são contados,
No meu tempo sem relógio, mesmo depois de tanto tempo,
Sonho de olhos acordados,
Os sons, e as rimas invento.

Quando chega sou menino, sou nuvem a chover,
Sou traços de um poema,
A canção, a rima, um tema,
Sou eu em mim o que você quiser.


Notas?



Os olhos semi-cerrados
Quando me dizem coisas intelegíveis,
Meu coração, aberto, disparado
Se rende a versos indizíveis.

E sentindo sem tino, sorrindo,
A rosa em meu jardim se abrindo,
Respiro num livro ao abrir
Seu sereno sorrir.

Notas?

Estás em toda estação.
Misturo cordas, suor, palheta e coração.

Diminutas com sétima oitavadas,
Com nona bemóis fermatadas,
Sustenidas fantasmas maiores,
Desafinados contra tempos menores.

Minha sua canção
Nostalgia dá o tom... notas?

(AlexSandroBambiL)

Café com pão


"Atrele seu vagão a uma estrela."   
(Ralph Waldo Emerson)


Ninguém sabe pra onde esse trem azul vai.
Grita...

desperta pássaros, gente dormindo de madrugada, treme o chão onde passa, mexe a água calada no copo,

encanta as crianças, atrapalha o trânsito e trilha com a pressa lerda como o seu sonoro ranger metálico.

Vira metrônomo do meu violão...
Sozinho, com toda aquela saudade no vagão.
(AlexSandroBambiL)