Doce sombra, da vida errante,
Trazes a luz dum céu já ido,
Mas eu, mendigo de um sonho distante,
Sou nada ao teu passo senão apenas perdido.
Foste a estrela que um dia cuidei,
Nos céus da juventude, tão descuidada,
Mas hoje, de longe, ao brilho olhei,
E vi-me cinza à luz encantada.
És canção renascida,
Eu sou silêncio que a dor consome,
Teu riso é chama, tua alma, vida,
E eu, pó, sem o brilho de um nome.
Adeus, doce que a vida esculpiu,
Não sou o abrigo que teu ser requer,
Baú é o pranto que em mim se ruiu,
Por ser tão menor do que és.
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